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Olá, pessoal! Aqui é Ricardo Vargas e esse é mais um 5 Minutes Podcast. Recentemente, o mundo, principalmente o mundo da arte, foi tomado pelo choque de ver uma banana colada com uma fita sendo vendida por 6,2 milhões de dólares. E sem dúvida nenhuma isso gerou uma controvérsia enorme. Mas eu não vou aqui e não é meu objetivo discutir a questão política, a questão do valor, a questão da qualidade, que são todas absolutamente questões perfeitas para serem discutidas no mundo com essa desigualdade, onde você tem um trabalho de arte sendo vendido por esse preço. Mas eu não quero discutir isso. Sabe o que eu quero discutir? É o seguinte três coisas que a gente pode aprender com isso. Porque a gente vê coisas muito similares no nosso mundo de projetos. A primeira coisa é o que é valor? O que é valor? Bem, e infelizmente a gente muitas vezes tem uma má interpretação e fala assim uma banana foi vendida por 6 milhões de dólares, e essa banana foi comprada 40 metros fora da casa de leilão Sotheby's por 0,30 centavos.
Isso muitas vezes faz com que a gente tenha uma percepção de valor errado. Na verdade, a banana ela não foi vendida, o valor ele não está na banana. O valor está no comprador ter a permissão para fazer a exibição não através de um múltiplo, mas a exibição individual de um trabalho de arte no qual só existem três peças. Ou seja, uma tábua foi doada para o Museu Guggenheim e outras duas estavam no mercado. Então o que vale 6 milhões é a banana ou é a fita, não a banana ela pode ser trocada múltiplas vezes, etc. Então, quando as pessoas veem o comprador comendo a banana, não significa que ele comeu 6 milhões de dólares. Ele continua comendo uma banana de 0,30 centavos. Os 6 milhões de dólares do valor estão na permissão que ele tem para poder fazer aquela arte e considerar que aquela arte é dele. Todo mundo pode fazer cópia dessa arte, mas a arte original daquela criação pertence a ele. E isso, dentro desse mesmo termo, me faz lembrar alguns anos atrás, quando eu gravei um podcast falando sobre valor e qualidade. E o que acontece? O que foi disputado por sete potenciais compradores no leilão da Sotheby's não foi uma banana. Foi um trabalho de arte. Você que está ouvindo esse podcast, pode achar que esse trabalho não vale. Mas pelo menos 7 pessoas acharam que ele vale e resolveram disputar esse trabalho. É a mesmíssima coisa de você comprar, por exemplo, uma Ferrari ou comprar um carro popular.
Bem, qual é a diferença entre uma Ferrari e um carro popular? Bem, a primeira diferença é o seguinte quem compra uma Ferrari não só estou discutindo a questão da capacidade financeira, mas a pessoa compra uma Ferrari, ela ela está comprando um produto que é diferente do produto carro. A do produto carro popular, apesar de terem quatro rodas, apesar de terem motor, etc. São coisas muito, muito distintas. Produzem valores muito, muito distintos. Então. Ou seja, isso me leva ao segundo ponto. E quão manipulativa as comunicações podem mudar as percepções? Eu. Para preparar esse podcast eu cheguei a ver mais de 15 vídeos, notícias, reportagens dos mais variados viéses. E praticamente nenhum deles fala que este trabalho de arte chamado Comedian, criado por um artista super polêmico chamado Maurizio Cattelan. E ela não é uma banana. Aquele trabalho é um trabalho de arte contemporânea que visa fazer uma crítica à comoditização da arte, etc. Bem, eu como como um interessado, eu posso falar que eu não acho que essa obra valha esse valor, mas outras pessoas acharam. Agora, o que aconteceu? Eu vi recentemente na televisão ele comendo essa obra de arte porque sim. Aí tem um ponto que daqui a pouquinho eu vou falar mas ele comendo essa obra de arte. É só que todas as os canais, eles falaram da pessoa comendo uma obra de arte de 6 milhões. Isto é para mostrar como a comunicação pode ser manipulativa para mudar as percepções. Ele não comeu uma obra de 6 milhões de dólares.
A obra de 6 milhões de dólares continua sendo dele. Ele e mais os outros dois que tem, são as únicas pessoas que tem a autorização de considerar aquilo. A obra Comedian do Maurizio Cattelan feita em 2019. É isso. É essa autorização que vale. Não é a banana. Só que é muito da mídia. Tem a intenção de quê? De mudar a percepção de como o mundo é. É fútil. É como uma pessoa pode ter um lucro como esse? Comprar uma banana de 25 centavos numa banca e vende-la por 6 milhões? Bem, isso é misleading . Isso é manipulativo, isso não é a verdade. Ou seja, o que estava sendo vendido não era uma banana. E essa percepção fazia parte do trabalho. Isso me leva à terceira coisa que eu apresento. É, como é que a gente precisa ser responsável com as decisões que a gente faz? E aí eu falo sobre o comprador. Porque o comprador eu não conheço, não faço a menor ideia de como é que é o trabalho dele. Eu sei que ele trabalha com criptomoedas, etc. Mas ele ainda vai lá e come na frente da televisão. Bem, isso me faz pensar o seguinte, no mundo como a desigualdade que a gente vê marcante e é responsável você fazer uma exibição pública como essa. Ou você, vamos dizer, se vangloriar de estar comendo uma banana que foi comprada na banca por 0,25 centavos e vendida para você dentro desse trabalho por 6 milhões de dólares? E por que eu falo isso? Porque muitas vezes o que esses três fatores acontecem no nosso projeto e a gente tem a dificuldade de enxergar. Muitas vezes a gente está comparando coisas que não são comparadas porque o valor é diferente. Uma pessoa que vai num restaurante fino comemorar um aniversário de casamento, provavelmente esse casal. A última coisa que esse casal quer é comer e matar a fome. Esse casal, ele está indo lá celebrar um evento. Então, muitas vezes você chega e fala assim poxa, mas aquele restaurante fino tem porções pequenas de comida? E é um absurdo, porque ele custa caro. E a porção. Bem, a pessoa que está buscando ir a um restaurante como esse, ela não está buscando alimentar para sobreviver. Se ela fosse alimentar para sobreviver, ela faria isso de uma outra forma e iria num outro tipo de restaurante. E segundo, quantas vezes nós vemos a comunicação manipulando as pessoas, é o dia inteiro é o dia inteiro e o candidato que tem 1% é só para 2% e diz que subiu 100%. Bem, tecnicamente e até do ponto de vista matemático razoável. Mas você acha que o objetivo da pessoa que fez essa publicidade de um para 2% falando que subiu 100% Ela, ela não está querendo manipular. Ela está querendo mostrar o seguinte olha, eu sou o candidato que mais cresce, mas se você não tem uma referência, você está manipulando a situação.
E quando eu chego e falo assim olha, o meu país cresceu 10%, enquanto os Estados Unidos cresceram dois. Então, olha, eu estou mais poderoso que os Estados Unidos. Isso é misleading. Por quê? Porque nós estamos falando de um crescimento de 2% em cima de um PIB de quase 20 trilhões, enquanto o outro país cresceu 10%, tem um PIB de 50 bilhões. São coisas diferentes. E o terceiro é o seguinte quando a gente produz um projeto, quando a gente divulga um projeto, a gente tem que estar ciente de que existem condições inesperadas é que que a gente tem que ter um mínimo de respeito. Então, por exemplo, mesmo que esse empreendedor que tenha comprado ele tenha sem dúvida nenhuma e feito lá o investimento que ele queria da forma com que ele queria. E esse investidor assim, ele não contribuiu de uma forma responsável para a sociedade, Porque sem dúvida nenhuma, né, tem um monte de entrevistas agora falando sobre o vendedor da fruta que ganha 12 dólares por hora. Ou seja, uma pessoa que um migrante do Bangladesh. Etc. Nos Estados Unidos. E que isso foi de uma agressividade muito grande. Então, a gente precisa ser responsável pelos projetos que a gente faz. Eu tenho falado isso muito nos meus últimos podcasts. Ou seja, não é simplesmente entregar no prazo e entregar dentro do orçamento.
É fazer alguma coisa que realmente beneficia a sociedade. É só importante dizer o seguinte o Maurizio Cattelan, que fez esse trabalho, não ganhou um único centavo da venda desta obra de arte. Ou seja, não é o artista que estava ali querendo explorar esse trabalho. Eu. É a vaidade. Talvez o entendimento da arte que estava fazendo o quê? Com que é esse tipo de arte pudesse valer tanto? Então a gente precisa muitas vezes entender isso. Eu tenho falado recentemente assim o que que adianta você fazer um projeto, construir um projeto, mesmo que seja super bem-sucedido do ponto de vista prático, se você está criando algo que que destrói, que destrói a sociedade, que destrói a sua comunidade, etc. Isso é tudo menos sustentável. Então, acho que é importante perceber isso. E a gente, como gerente de projeto, a gente ter a percepção e entender o que está por trás de uma demonstração como essa e o que está por trás é da comunicação, porque nós vamos nos deparar com esse tipo, é lógico que esse foi um exemplo muito radical. Mas o tempo inteiro, certamente na sua próxima reunião de status do projeto, vai ter alguém tentando direcionar de forma errada ou de forma misleading, como a gente diz, as comunicações do seu projeto. Pensem nisso. Até semana que vem com mais um 5 Minutes Podcast.