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Olá, pessoal, aqui é o Ricardo Vargas e esse é mais um 5 Minutes Podcast. Essa semana eu tive uma conversa, vamos dizer, surpreendente. Eu conversei com um gerente de projeto e quando a conversa fluía, nós estávamos falando sobre os resultados, sobre o uso do produto, do projeto que estava sendo desenvolvido etc. E ele chegou para mim e falou assim: Olha, isso não é meu problema, isso é problema do chefe. Eu cheguei e falei como é que é? Desculpa, não entendi o que você falou. Ele falou: Olha, me deram uma tarefa e me falaram que era para entregar no prazo, no custo, usando os recursos. Eu fiz tudo certinho, fui lá e entreguei o produto. Agora o problema é do chefe se esse produto vai ter alguma serventia para organização, para a sociedade. Aí eu o interrompi e falei assim: pera aí, não, alguma coisa tá errada no seu entendimento sobre o que é gerenciar projetos. E esse entendimento seu talvez tivesse algum valor, sei lá, 30, 40 anos atrás, a gente podia estar falando isso, mas hoje isso não existe. Isso não existe em nenhuma circunstância. Ou seja, é inclusive assim, até um ponto de vista ético. Ou seja, se você está produzindo algo que você não tem a menor ideia se aquilo é de alguma utilidade para sua organização, para a sociedade em geral, bem, é sua responsabilidade reportar isso. E isso é ser um gerente de projeto. Isso é ser gerente de projeto. Eu tenho falado recentemente muito sobre esse aspecto mais amplo de sustentabilidade etc., que para mim está intimamente ligado a valor.
Bem, a razão de um projeto existir é sim um problema de quem está gerenciando o projeto também, claro, muitas vezes o gerente de projeto, ele pode não ter autonomia para tomar uma decisão final, mas ele tem a obrigação de reportar o entendimento dele ou dela para quem toma a decisão. Ou seja, ficar calado ou omitir não só não é a melhor prática, como é assim para mim. Eu não vou falar de violação porque não quero falar do ponto de vista legal, mas é uma falta de um compromisso ético com a organização que você está trabalhando. Ou seja, muitas vezes você fala assim ah, eu tô aqui produzindo um negócio, um castelo de areia que não vai servir para nada em momento nenhum. E aí eu pergunto por que você tá continuando? Eu, por exemplo, eu tenho inúmeras diretrizes profissionais na minha vida, em projetos que eu não participo, que eu tomei a decisão deliberada de não participar. É lógico que eu não estou comparando a minha vida e o meu trabalho com nenhum de vocês que estão ouvindo, mas assim, eu tenho algumas diretrizes éticas. Assim, se eu não acredito que aquele projeto possa gerar algum benefício, bem, não há sentido para eu trabalhar. Eu tenho outras opções para trabalhar e se eu não tenho outras opções, eu vou desenvolver essas opções. Então, o que é importante a gente entender? A gente tem que entender o seguinte que uma das coisas mais importantes hoje na gestão de projetos e uma das coisas que mais contribui para o sucesso do projeto não é só os aspectos materiais, como prazo, custo.
Por favor, não estou desmerecendo esses dados. Mas o que é absolutamente crítico é o foco em valor. É que valor esse projeto vai produzir para mim ou organização para o meu cliente e para a sociedade em geral? Ou seja, eu inclusive acho que quando você pensa em produzir valor só para aquele núcleo da sua organização etc. Eu acho que esse conceito, inclusive que era o seu, vamos dizer, um conceito muito forte atualmente, é pouco, é pouco. Eu acho que nós temos que ir inclusive além disso. Ou seja, não é só produzir valor para a sua organização em detrimento da sociedade. Por exemplo, você vai e desenvolve um software que é maravilhoso para a sua organização, mas que vai deixar um monte de criança, por exemplo, viciada no software que você fez. Bem, isso é uma decisão sustentável? É uma decisão responsável? Bem, é lógico que cada um pode ter a sua crença. Agora, para mim, isso não é. Por mais que você entregue no prazo, é igualzinho construir uma ponte que leva nada a coisa nenhuma. Por mais que você tenha construído essa ponte com todos os critérios de sustentabilidade, respeitando e inclusive chegando para mim e falando assim. Ricardo, eu fiz essa ponte porque me mandaram fazer uma ponte que liga nada a coisa nenhuma. Bem, isso não exclui a sua responsabilidade. Isso não exclui a sua responsabilidade, a sua.
A sua responsabilidade é ser um protetor da sua organização da sociedade, através do seu trabalho em projetos. Então, acho que é uma coisa que a gente muitas vezes é claro que eu falar isso é duríssimo, porque tem alguns segmentos no qual possivelmente algum de vocês que possa estar me ouvindo, onde você tem uma justificativa um pouco mais difícil quando você pensa em benefício a sociedade, etc. Mas você tem que pensar, você tem que pensar, você tem que colocar, porque nós, trabalhando em gerenciamento de projetos, nós somos grandes agentes, viabilizadores das coisas novas. E se a gente não tiver uma responsabilidade mínima com aquilo que a gente está fazendo, nós podemos estar criando verdadeiros monstros. Quando eu falo isso, eu falo isso o dia inteiro. Quando eu falo de projetos de inteligência artificial, quando eu falo de redes sociais, quando eu falo em você criar um mecanismo de geração de vídeo que vai gerar fake news, você tem que ter a responsabilidade com o que você está colocando lá do outro lado. Por quê? Porque senão você pode fazer um ótimo bem para você mesmo dentro do seu pequeno mundo e fazer isso em detrimento da sociedade como um todo. E isso não é legal e não é moral. E eu acho que quando você chega e dá uma resposta como essa, vamos dizer, lacônica: Ah, o chefe é isso é problema do chefe. Bem, você está no mínimo, com uma visão equivocada do que é a sua responsabilidade e do que é o seu trabalho.
Ou seja, a gente não está trabalhando, pelo menos a gente tem que lutar para não estar trabalhando simplesmente para receber um salário no fim do mês, ou seja, que a gente esteja trabalhando para construir algo que vai nos dar satisfação etc. Que lá no fim, lá na frente, a gente possa ter o maior orgulho do que a gente fez. E eu acho que quando eu escuto isso, principalmente quando eu escutei isso de uma pessoa jovem que está ali nos primeiros anos da vida profissional, eu não consigo ficar calado. Eu não consigo ficar calado. Então eu acho que a gente precisa entender que nós somos um grupo de profissionais. Fomos qualificados para ajudar as organizações e a sociedade a implementar e transformar em realidade algumas das ideias e que essas ideias a gente precisa saber se essas ideias realmente são ideias que vão gerar um benefício natural para a nossa organização e para a sociedade. Porque quando a gente perde essa ou desconecta, nisso nós podemos criar um verdadeiro monstro, no qual a gente pode não ter controle nenhum. Então vamos pensar nisso e chamar um pouco a responsabilidade para a gente e a gente entender que dentro desse ambiente a gente tem que ser o chefe da nossa consciência, daquilo que a gente está fazendo. Vamos sempre pensar nisso. Uma ótima semana a todos vocês! Uma semana com muita sustentabilidade, muito pensamento estratégico no futuro. Um abraço enorme e até semana que vem com mais um 5 Minutes Podcast.