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Olá pessoal! Bem vindos a mais um 5 Minutos Podcast. Hoje eu queria comentar com você sob a ótica de projetos, o que aconteceu com o submersível Titã da empresa Ocean Gate, que a princípio perdeu o contato com o navio de suporte e depois foi descoberto que ele implodiu no fundo do oceano, deixando como vítima cinco pessoas, inclusive o CEO da Ocean Gate, bem antes de eu começar. Eu não tenho nenhuma intenção aqui de julgar a decisão das pessoas, de terem ido, etc. Ou seja, a minha opinião aqui é uma opinião pessoal/técnica, muito mais relacionada ao projeto e ao que pode ser aprendido com relação a isso. E eu reuni os meus pensamentos em três grupos que eu queria compartilhar com vocês. O primeiro grupo a gente precisa entender a complexidade. Então, a primeira coisa uma tragédia dessa acontece porque existe uma falta de capacidade de entender o que a complexidade. Bem, a primeira coisa quando a gente pega e olha para a exploração espacial, mandar um foguete para fora, como por exemplo, nós vimos o James Webb, que eu sou apaixonado, mandando para fora. Bem, aquilo é um feito de engenharia absolutamente surreal e é bastante difícil de ser feito. Você tirar qualquer objeto do pool gravitacional, ou seja, tirar para poder entrar em órbita. É uma energia muito grande e uma complexidade muito grande. Nós já vimos várias vezes assim, acidentes com veículos tripulados da NASA, nós já vimos esse tipo de situação. Agora eu queria dizer uma coisa que pouca gente sabe, explorar o fundo do mar e explorar o fundo da terra é um feito de engenharia muito mais complexo.
E olha, eu estou dizendo o seguinte exploração espacial é muito complexo, mas o fundo do mar e, por exemplo, entrar na terra, ou seja, lógico, a partir dos limites. A gente explora ali uma crosta muito pequena por causa de uma coisa, principalmente no mar, que é a pressão. A pressão é o que? É o peso que algo exerce em cima de você, te empurrando para o centro da terra. Bem, lógico, você está aí sentado, ouvindo a pressão que está na sua cabeça, a pressão do ar que está acima. Agora imagina que o que está acima da sua cabeça não é ar, mas é água, mas é água. Então, o que acontece? A gente precisa entender. Só para vocês terem uma ideia, um submarino militar americano normalmente ele navega a 490, 500 metros de profundidade. O Titanic está quase quatro quilômetros. Só para vocês terem uma ideia, esta pressão exercida sobre as paredes do Titan é como se tivesse um elefante em cima de cada polegada quadrada daquele objeto, ou seja, cada quadradinho de dois por dois. Imagine que você consegue o peso de um elefante nele. Isso é uma pressão de 380 atmosferas. É muito complexo. É muito, muito complexo você conseguir desenvolver um material que tenha uma finalidade, inclusive turística, porque ele precisa ter um vidro, etc, e consiga operar numa condição tão extrema de pressão. Então a gente precisa primeiro entender essa complexidade. A segunda coisa é entender a engenharia e o design, o que acontece várias coisas, principalmente depois da tragédia.
É uma tristeza. Isso foi descoberto, gente. Várias coisas de design não eram as melhores, Então várias pessoas falando sobre falhas no design. Mas, por exemplo, uma pequena coisa ele é um veículo óbvio, completamente lacrado e ele só abre pelo lado de fora. Ou seja, são parafusos que são fortemente ajustados pelo lado de fora. Não existe uma forma das pessoas dentro abrirem. Isso significa o seguinte que até mesmo que numa emergência você conseguisse voltar e tirar ele do fundo do mar e deixar ele flutuando, você depois das 90 e poucas horas de oxigênio, você mataria os tripulantes da mesma forma, porque eles não conseguiriam abrir para poder ter oxigênio. Então esse assim é só para começar essa colocação. Eu sei que muita gente falou assim, mas outra coisa que tinha que ter era GPS etc. Bem gente, é claro, GPS funciona super bem. Se você está na superfície ou está submerso pouco lá embaixo, não existe a menor forma de você ter GPS. Agora, existem várias formas de você fazer essa comunicação. Você tem o que a gente chama de locator bic. Você tem formas onde você consegue dar ao navio que te suporta e a você essas em. Como ações. O Titã era 100% suportado pelo navio mãe que o carregava. Isso significa o seguinte que qualquer problema de perda de contato, você tinha um submersível completamente incapaz de se localizar, perceber onde se localizar. Ou seja, ele não tinha como saber nem para que lado estava o Titanic, inclusive falar o que outras vezes já aconteceu isso. Outra coisa, o controle era feito por um joystick e aí muita gente fala assim.
Mas joystick é uma forma que as operações militares funcionam, etc. Gente, para você colocar um joystick para você pilotar um drone, por exemplo, na indústria militar, etc. São tantos testes e tantas certificações que nós estamos falando numa diferença enorme. Nós estamos falando de uma diferença enorme, ou seja, uma certificação completa. E isso me leva ao fechamento dessa parte do exame, dizendo o seguinte como esse submersível operava em águas internacionais, apesar do navio mãe buscar as pessoas e ter que ter o registro no Canadá, o que conta é você estava ali sem a necessidade. Então, as águas internacionais, elas têm essa flexibilidade. Então este dispositivo não era certificado. Além disso, ele era construído de fibra de carbono, que é um material ótimo, mas é um material pouco estudado. E aí ele pergunta será que ao descer, subir, descer, subir, você não tem fadiga? Você já viram que vidro tem fadiga, Vários materiais tem fadiga. E o que pode ter acontecido? Óbvio, só em 2023 esse Titan desceu cinco vezes. Então será que a cada descida ele não vai perdendo a validade e vai diminuindo a capacidade operacional? Pois nós temos aviões que mesmo estando bons, eles têm uma capacidade operacional. Eles vão ter que parar de voar. Por quê? Porque você não pode tolerar esse risco. Ali você não tinha isso. Então você tinha ali o seguinte quem é que definia qual era a vida operacional daquele aparelho? E o terceiro, o negócio, claro, a pressão, claro, o excentrismo, vamos dizer, desse turismo de altíssimo luxo, das pessoas querendo viajar e querendo disputar as fronteiras, ou seja, o entretenimento das pessoas muitíssimo ricas.
Ele, Muitas vezes ele quer romper todas as fronteiras e ao romper essas fronteiras, você se dá com essa complexidade e com esses designes onde você realmente aumenta de uma maneira assim absurda o grau de risco que você tem. E a Oxan Gate, e eu vou dizer isso porque eu vi alguns vídeos, ao fazer por US$250.000 por passageiro, eu sei que esse número é um número indecente para 99,9999% das pessoas no mundo, mas ela queria popularizar esse tipo de expedição diante desse grupo de turismo de alto luxo. Na verdade, o que que tinha que ter sido, tinha que ter sido o seguinte um passeio como este ia custar 2 milhões de dólares, 3 milhões de dólares. Assim, se as pessoas muito ricas querem ir mesmo, ótimo. Só que aí você teria um submarino deste por ída. O submarino desce, vai, volta e é aposentado. Hoje surgem dúvidas até de que aquele vidro da frente ali era só resistente até 1300 metros. Sabe, são coisas absurdas. Eu não sei até quando isso é verdade, mas assim, o que aconteceu? A própria não ganância dos acionistas ou dos donos, mas o próprio modelo de negócio. Nós tem que ser rápido, nós temos que ter a marca, nós temos que ter as parcerias falando parceria com Boeing, parceria com a NASA, que agora todas elas se revelarama assim, não, opa, não, nossa parceria não era bem assim, Não era bem assim. Então olhem só, agora nós temos cinco vítimas, nós temos, vamos dizer, todo essa perplexidade nossa de como alguém por turismo, nós não estamos falando numa necessidade, por turismo perde a vida e como esses empresários, etc foram incapazes, eu não, né, longe de mim de falar, de verificar até que ponto isso era seguro, ou isso era certificado, etc.
Eu acho que fica esse pensamento para a gente, tal, e pensando nessa tragédia. E eu só queria finalizar que essa tragédia mostra também um pouquinho a dicotomia do mundo. Como mundo ele é estranho porque a gente teve um navio de imigrantes no Mar Mediterrâneo que ficou a deriva, ficou a deriva em alto mar, afundou, matou 80 pessoas. Isso virou um rodapé na mesma semana, enquanto todos os jornais, etc., falando do Titan. Ou seja, mostra como assim? Às vezes a nossa paixão natural por essas coisas diferentes, etc, nos coloca às vezes num caminho muito tortuoso. É como se a vida dessas cinco pessoas, por favor, e eu e meus sentimentos completos, as famílias, elas fossem maiores do que a dos 80 miseráveis que estavam cruzando o Mar Mediterrâneo tentando uma vida melhor. Então acho que é uma coisa pra gente pensar, aprender muito e ver como assim, até com muito dinheiro, até pessoas. A gente erra, a gente erra e esse negócio é complexo. Então não vamos esquecer disso, porque é assim que a perda dessas vidas sirva de uma lição, uma reflexão para esse tipo de expedição e para que a gente não tenha uma desgraça como essa no futuro. Um abraço grande para vocês! Até semana que vem! Com mais um 5 Minutes Podcast.