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Olá pessoal, aqui é o Ricardo Vargas, e esse é mais um 5 Minutes Podcast e hoje eu quero falar com você sobre algo que faz parte do nosso DNA, ou pelo menos do meu DNA, a criatividade brasileira, é impossível negar. O brasileiro tem uma habilidade incrível para resolver problemas com pouco recurso e com uma sobra de jogo de cintura. E é essa criatividade uma das maiores qualidades que eu vejo quando eu trabalho com equipes no Brasil. Agora, como tudo na vida, até uma virtude tão brilhante, desejada como essa pode tornar um risco quando ela perde o equilíbrio. E eu quero chamar isso de o jeitinho brasileiro, o jeitinho brasileiro é aquela solução improvisada, rápida, fora do script, fora de qualquer plano. Aquela que não tem WBS, não tem EAP, não tem cronograma, não tem nada, ela simplesmente acontece. E olha, quem nunca ficou impressionado com alguém resolvendo um problema técnico com um pedaço de fita adesiva, um arame ou até um aplicativo gratuito que não foi sequer desenvolvido para aquilo. O problema é que quando esse improviso, ele deixa de ser exceção e passa a ser a regra, aí nós temos um problemão. Eu lembro de um caso que sempre me contaram de um vidraceiro em uma pequena obra. O vidraceiro esqueceu de trazer aquela massa de fixação para colocar o vidro na janela e o cliente estava esperando o prazo apertado e o vidraceiro não queria voltar no outro dia. Então ele teve uma solução mágica. Ele tirou os chicletes que estava mastigando da boca e usou chicletes para segurar o vidro no lugar. E olha, poxa, pasmem, funcionou. Deu certinho. Ele terminou o serviço e o cliente sequer viu que ao invés de massa, você tinha ali um pedaço de chicletes. Agora, onde está o problema aqui? O problema é que esse mesmo vidraceiro, no dia seguinte, ao fazer a sua lista de compra para o próximo trabalho, ele escreveu comprar chicletes. Ou seja, o improviso deixou de ser uma solução emergencial e virou um método. E esse é o risco invisível desse jeitinho brasileiro. Ele começa com algo pontual, criativo e até admirável, mas quando repetido, ele vai se transformando em uma cultura de atalho, onde não se investe mais em prevenção, em qualidade, estrutura ou planejamento. E olha, nos nossos projetos e se manifesta de várias formas a documentação malfeita, o cronograma ajeitado depois que já estourou, a equipe que se vira sem sequer ter um alinhamento real. A gente acaba confundindo resiliência com o estado permanente de improviso. E é claro, gente, é importantíssimo ter flexibilidade. Eu acho que esse é o grande diferencial. Projetos são dinâmicos e saber adaptar-se é essencial. Agora, adaptar-se com responsabilidade é diferente de fazer um remendo atrás de um remendo. O projeto, que depende constantemente de um jeitinho, ele está sempre à beira de um colapso. Sabe, é como construir uma ponte com palito de picolé. Ela pode até segurar por um tempo agora, poxa, quem é que vai ter coragem de atravessar? E o mais perigoso disso tudo é que esse jeitinho ele costuma ser super sedutor. Ele dá uma sensação de agilidade, de competência e até mesmo de heroísmo. Mas por trás disso, muitas vezes está a falta de planejamento, de orçamento bem estruturado ou de coragem para dizer que não dá para fazer assim. E como líder, gerenciando projetos, a gente precisa valorizar a criatividade. Longe de mim querer inibir, criatividade é um dos maiores talentos que a gente tem em projeto. Agora a gente precisa canalizá-la para soluções sustentáveis e não para remendo e paliativo, porque um projeto maduro não é o que se orgulha do incêndio apagado, mas é aquele que evita que o incêndio comece. Acho que é importante a gente celebrar a nossa capacidade de inovar sem abrir mão de método, processo e profissionalismo. Pensem nisso, pessoal! Espero que vocês tenham gostado desse episódio e a gente se vê semana que vem, com mais um 5 Minutes Podcast. Até lá!