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Olá, pessoal, aqui é o Ricardo Vargas e esse é mais um 5 Minutes Podcast e essa semana eu quero falar sobre como é que a gente toma e vive com decisões imperfeitas em projetos. A primeira coisa que a gente precisa toda vez que a gente está tomando decisões de projetos, gerenciando projetos, a gente entender que as decisões difíceis, complicadas, elas, na maioria das vezes, nunca têm uma resposta certa, precisa. A gente não está lidando com matemática, que eu, por exemplo, sou suspeito. Eu sou engenheiro, eu amo matemática. Então eu adoraria que as minhas decisões fossem dois mais dois são quatro e que, por exemplo, eu que sou um apaixonado por AHP ou Analytic Hierarchy Process, pudesse dizer que tudo eu conseguia fazer via AHP, mas na verdade tem um monte de decisões que são infinitamente mais complexas, que envolvem relacionamentos que envolvem volatilidade, que envolvem, vamos dizer, uma sensação do que é ser humano. Então elas são muito mais complexas. Elas não conseguem ser parametrizadas de uma forma tão óbvia quanto a gente pensa. E eu queria dar para vocês três dicas que eu uso quando eu estou lidando com isso. Eu atuo muito em projetos complicados, em crises, em problemas, ou seja, tudo aquilo que a maior parte das pessoas está tentando evitar e muitas vezes eu me deparo com essas situações. A primeira dica que eu quero dar para você é o seguinte você tem que abraçar a incerteza. Não é abraçar dizendo Ah, olha que legal, Eu vou provocar incerteza, mas é você ter consciência de que você vive num cenário incerto e que muitas vezes é muito fácil a gente discutir um determinado risco depois que o risco aconteceu. É muito fácil, por exemplo, hoje, diante dessa tragédia, dessa tristeza que aconteceu em Los Angeles recentemente, você dizer ah, mas isso era esperado, isso era previsível. Eu até entendo quando as pessoas falam isso, mas isso muitas vezes não contribui muito, porque na verdade, discutir o passado é fácil a gente sentar aqui hoje e dizer o que nós fizemos certo e o que nós fizemos errado, por exemplo, no combate ao convite 19. E é fácil agora ir no combate ao convite de 2045, que a gente não sabe nem se vai existir. Então a gente precisa entender que essa incerteza ela, ela tá pairando, ela existe e ela vai continuar existindo. A segunda é a gente precisa combater a paralisia nas nossas decisões com prazos e deadlines. É o que a gente chama de Psychological Paralysis. O que é isso? E diante de uma decisão que envolve incerteza de uma decisão na qual você não consegue tomar uma decisão, vamos dizer, logicamente perfeita existe um risco enorme de a gente ter uma paralisia psicológica, é o quê? É você simplesmente o seguinte diante da quantidade de escolhas e da quantidade de variantes dessas escolhas, você simplesmente acaba não conseguindo decidir nada, não conseguindo escolher nada. E o que a gente faz para a gente combater isso. A gente coloca deadlines. A gente coloca prazos e a gente diz o seguinte olha, eu preciso tomar uma decisão até semana que vem, ou até amanhã, ou até hoje. Ao colocar esse deadline, esse prazo, você naturalmente força as pessoas ou força a sua equipe, força o seu fornecedor, força o seu time, força você mesmo a tomar uma decisão, mesmo dentro de um cenário imperfeito, de um cenário volátil. A terceira dica é sempre que você puder, traga a reversibilidade para suas decisões, é tentar tomar decisões que possam ser desfeitas no futuro. Ou seja, se você tomar uma determinada decisão e você perceber que essa decisão não foi a melhor, tente trazer reversibilidade. É claro que nem tudo é reversível, mas decisões que tenham características de reversibilidade são decisões muito boas num cenário instável. Por quê? Porque se você vê realmente que a decisão que você tomou não é a melhor decisão, você pode trazer essa reversibilidade. Eu, por exemplo, inúmeras vezes em contratos, quando eu faço contratos com fornecedores onde eu não tenho a certeza, por exemplo, que eu eventualmente vou precisar daquele serviço, etc. e eu estou fazendo isso como uma forma de mitigar o meu risco, eu tento trazer essa reversibilidade e falar o quê? Olha, se eu não precisar desse trabalho, eu vou te pagar por essa mobilização, mas eu não preciso pagar, por exemplo, pelo trabalho como um todo. Por exemplo, um dos primeiros projetos que eu fiz envolvia a manutenção de um alto forno e nesse alto forno você existia a possibilidade da gente ter que fazer uma explosão programada no alto forno para poder tirar ali as paredes de refratário. Então nós fizemos um contrato com uma empresa especialista em explosivos que tinha essa característica de reversibilidade, que era o quê? Se eu utilizasse o explosivo e tivesse que fazer essa explosão programada, eu pagaria um valor X. Mas se eu não tivesse que fazer explosão, eu pagaria uma fração desse valor simplesmente pelo serviço de mobilização dele. Essa é uma característica de reversibilidade que nos favorece diante de um cenário onde você realmente não tem certeza do que você vai ver no futuro e de quais vão ser as saídas de você no futuro. E eu queria dar um adicional além desses três, né, um bônus para vocês, que é o que você é praticar é o arrependimento limpo. O que é isso? Se você tomar a decisão errada e existe essa possibilidade e eu vou te dizer que dentro do universo de projetos, tudo o que a gente tenta é tomar mais decisão certa do que errada, então a garantia minha para vocês é que você vai tomar a decisão errada, é claro. Mas nunca pratique o que a gente chama de self blame, é você, Arrependimento, olha, eu fiz errado, eu sou incompetente etc. Ou seja, procure focar na lição aprendida. Ou seja, se você tomou uma decisão imperfeita, errada, não adianta ficar arrependido, ah, eu não devia ter feito isso. Bem, na maioria das vezes isso vai só trazer tristeza para você. Isso não resolve o problema, mas você pode aprender, pelo menos diante do aprendizado, talvez mais caro que a gente tem que o aprendizado com o erro, você tem a chance de aprender. E finalmente, gente, só entenda, é a gente adora uma decisão perfeita, limpa, fechada, que a gente não tem a menor dúvida, as na medida em que os nossos projetos aumentam a complexidade, viver com essa imperfeição torna se uma das principais características de resiliência do que é ser um gerente de projeto. Pensem sempre nisso porque os projetos não vão ter essa característica perfeita que a gente busca, que a gente estuda e que a gente quer a todo custo. Porque a vida e os projetos que a gente faz, eles não têm essa característica e vence e consegue ser bem-sucedido nesse ambiente quem tem a maior capacidade de trabalhar com essa incerteza, de combater essa paralisia e buscar essa reversibilidade sempre que possível. Pensem nisso e até semana que vem com mais um 5 Minutes Podcast.