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Olá pessoal, Bem vindos a mais um 5 Minutes Podcast! Hoje eu queria expandir um conceito que é razoavelmente comum e usado na área financeira para o nosso trabalho em projetos e iniciativas. E esse conceito? O conceito de risco moral ou moral hazard. E por que eu estou falando sobre esse assunto? Porque nós vimos nesse fim de semana o nosso segundo maior colapso no sistema financeiro norte americano, que foi o colapso do Silicon Valley Bank, que era um banco extremamente ligado às startups, às empresas que estavam ali com capital venture, capital, com investimentos, etc. Que fechou suas portas na sexta feira. E a grande discussão que existiu é o seguinte até que ponto o governo deve suportar ou o sistema financeiro devia suportar isso? E aí surge se o conceito do risco moral. O que é o conceito do risco moral? É o agente que toma o risco. Quem toma o risco? Ele se comporta de uma forma, vamos dizer, mais arriscada. Quando eu sei que eu estou protegido, eu gosto de dar um exemplo sem igual. Você às vezes ali, numa brincadeira de rua, querer, por exemplo, vamos dizer, desafiar ali um vizinho sabendo que seu irmão mais velho está por trás. Caso alguma coisa der errado, o seu irmão mais velho pode ir lá e, vamos dizer, defender você. Então, na mesma ótica, é o seguinte ao proteger o Silicon Valley Bank e se o governo, por exemplo, americano, decidir fazer isso, a pergunta que o sistema financeiro fazia é isso não vai fazer com que todos os agentes do sistema financeiro, os executivos dos bancos, vão ficar mais confortáveis sabendo o seguinte Poxa, eu posso fazer qualquer coisa que no final eu estou de alguma forma protegido.
Agora vamos traduzir isso tudo que eu falei para nossa vida em projetos é a mesmíssima coisa a nossa percepção de risco. Ela é iminentemente afetada pela capacidade da gente se sentir protegido ou não quando o risco se torna realidade. Ou seja, se você sabe que olha, se eu entregar esse projeto atrasado, nada vai acontecer, porque na minha empresa nada acontece. Ou se eu fornecedor, entregar aquele determinado equipamento atrasado para aquele meu cliente ou para aquele projeto daquele meu cliente e nada for acontecer, que estímulo eu vou ter para entregar no prazo? E se é o que a gente chama de risco moral? Aí, ao mesmo tempo você chega e fala assim não, Então vamos tirar o risco moral. Vamos falar o seguinte nós vamos punir tudo agora. Até que ponto é de interesse de você, como cliente, multá, por exemplo, ou prejudicar de uma maneira tão profunda o seu fornecedor ao ponto do seu fornecedor não conseguir te fornecer a mercadoria? Perceber por isso que a gente fala que esse é um perigo ou um risco moral, porque ele é um dilema. Hoje, por exemplo, as autoridades americanas devem estar diante desse dilema e assim não faço nada e corro o risco de gerar um pânico no mercado e todo mundo tirar o dinheiro e eu ter o meu banco, vamos dizer, insolvente, todo o sistema financeiro entrando em colapso. Ou eu ajudo e corro o risco de demonstrar ao sistema financeiro, independente de onde vem esse recurso, o recurso vem dos contribuintes ou não? Eu não vou discutir esse lado e eu gerar uma percepção de leniência.
É a mesmíssima coisa. No caso dos nossos projetos, é assim uma pessoa deixou de entregar alguma coisa muito séria. Eu vou, vamos dizer, punir e agir exemplarmente contra esse profissional ou essa empresa, e mostrar que realmente a gente não tolera, mesmo sabendo que ao dar essa punição, eu posso automaticamente. Por exemplo, se essa punição de um fornecedor fazer com que outros fornecedores se sintam desestimulados a fornecer para mim com medo porque esse risco existe, ou eu devo ser leniente e de repente correr um risco secundário? Isso não tem resposta. Esse é o grande desafio, porque não existe uma resposta clara, principalmente porque existe um conceito, que é o conceito da assimetria da informação. É o seguinte eu não sei, eu não estou dentro da cabeça do meu fornecedor ou dos processos do meu fornecedor, então eu não conheço o risco e a probabilidade desse risco acontecer como ele, por exemplo, quando você pega, por exemplo, e faz um seguro de um carro. Eu, como segurador, eu uso modelos matemáticos, o que for, para tentar definir o risco que eu estou correndo agora. Você concorda comigo que você sabe muito mais? Você, dono do carro, sabe muito mais do que a seguradora sobre o risco. Você está correndo porque é porque é você que dirige o carro, é você que estaciona o carro na rua, é você que não tranca o carro ou tranca o carro. E o resultado dessa simetria? De informação e que faz com que a gente tenha muitas vezes situações onde nós estamos diante de um risco moral. E eu acho que isso é uma coisa fundamental, porque a gente muitas vezes fala assim risco daquele jeito bem simplório.
Assim, a probabilidade versus impacto calcula a exposição. E é isso aí. Só que muitas vezes aquele impacto é um impacto hipotético, porque você chega e fala assim Ah, eu posso tomar uma multa, mas será que essa multa vai ser aplicada? Será que o tamanho do impacto vai ser realmente sentido? Será que, por exemplo, a quebra desse banco vai ser realmente espalhada como risco sistêmico ou não? Ou seja, pouca gente sabe disso. Pouca gente sabe disso, até mesmo as autoridades. Então, por isso que a gente fala, ele é um risco moral. E ele é um dos grandes dilemas que a gente tem. Muitas vezes avaliar um risco, porque a gente está avaliando o risco como alto, mas do outro lado a pessoa está falando assim eu sou muito grande para deixar de fornecer para esse cliente. Então, o que acontece? Você, por exemplo, uma empresa grande, com fornecedor gigante, aí você sendo uma empresa grande, fala assim Bem, eu vou te multar, eu vou. Aí a empresa fala assim não, ele não vai me multar, porque se ele me multar, ele gera um risco sistêmico, porque eu paro de fornecer para os outros projetos dele. Percebeu? Então isso vira um dilema muito sério e é uma das coisas que não existe uma matemática, uma equação própria para se resolver. Isso é muito fruto da experiência e da nossa capacidade de ler o cenário indefinido da melhor forma possível. E essa não é uma tarefa muito simples. Bem, espero que vocês tenham gostado do podcast dessa semana e até semana que vem com mais um 5 Minutes Podcast.